quinta-feira, outubro 21, 2004

Orvalho

O que eu lhe tenho dito ultimamente...?
Meus sonhos não mais são os mesmos, não mais vazios...
Escute minha voz... O que ela tem lhe mostrado?
Não há mais o som do oceano...
Não há mais as colinas nevadas, os grandes carvalhos...
Mas não há mais escuridão e silencio em minha mente...

Não mais existe a ordem dos Dragões Negros...
Nem mesmo haverá frio...
A glória, o orgulho...
O que sinto, o que lhe digo... pelo passado, pela cor de minhas asas...
E você pôde entender... Pôde preocupar-se...
Encontrei o que buscava... enquanto a chuva em meu rosto...

Ainda existe sangue em minhas mãos...
As marcas de um passado distante...
Mas não haverá o vermelho na frágil aurora desta manhã...
Pois quando derrubei sua pura e suave essência...
Também molharam a terra minhas rubras lágrimas.
E senti seu gosto metálico...

Então me feri, mais que o aço poderia...
Mas você acreditou no meu amor... e não olhou para minhas asas...
Você acreditou no destino...
E quando fecho meus olhos, é seu rosto suave que sorri para mim...
Quando a neve cai... Onde estarão seus pensamentos?
E se inerte jazer meu corpo... Onde estará nosso destino?

Ainda existe o dragão em mim... mas não mais minhas lagrimas congelarão!
Pois nem o aço frio, nem o inferno flamejante afastaram seu rosto de meu coração...
E se nem mesmo o sarcástico lorde nos separou... onde estará nosso destino?
E quando a noite caiu, e eu não sabia mais quem era e por ira, sangue derramei...
Então, sob a luz da lua cheia, tu seguraste minhas mãos e as lavaste com suas lagrimas...
Minha imagem no espelho não mais reconheci... mas por ti houve glória!

Poderá, tão negro céu, prover abrigo aos que por orgulho caem?
Pois mesmo quando os ventos leste sopram, ainda sinto o cheiro da morte...
E a água ainda reflete minha imagem pálida...
Mas tu seguraste minhas mãos! E, contigo, trouxe o doce cheiro da aurora...
E não mais curvei-me sob o peso de um passado sombrio...
Pois deixaste sua ordem para amar-me...

Em meus caminhos, não existem mais os túmulos que me seguiam...
Nem mesmo a solidão faz-me companhia...
Pois procuramos juntos pelo bosque dos antigos carvalhos...
Estas ao meu lado, e não há terra para nós senão as da antiga Arte!
E chegaremos lá, não pelos caminhos do mármore frio, mas pelas estradas do regente sul...
Então, a nós, os guardiões das torres permitirão passagem...

E não haverá mais lagrimas para molhar seu suave rosto...
Irei, eu, pelos caminhos ancestrais, colher as flores para enfeitar-lhe os cabelos...
Acordaras então com o suave cheiro do bosque orvalhado, e ira ver-me sorrindo-lhe...
Por que no passado ficarão as foices e espadas...
E o futuro revelara-se pela suave caricia do vento em seus cabelos...
E não mais no calor das forjas de Guerra Eterna...