segunda-feira, dezembro 28, 2009

Fogo

E me deixo embalar pela agitação melancólica do caos
Numa tentativa débil de não quebrar
Diante dos ventos gelados desta tempestade
Pois então minha alma clama pelo fogo
Atira-se selvagemente no abismo, por prazer
Apenas para sentir o vento no rosto
Para confrontar a inercia que a mantinha estática
E se há a paixão pelo que é belo
Também há a culpa de um espírito insaciável
A turbulência de uma mente incansável
Sempre desdenhosa da calmaria
Uma incansável busca pelo desagrado, incandescente e escuro
Pelas estradas molhadas pela chuva, castigadas pelo vento gelado
Essência de uma paixão que aumenta quando foge de si
Que sempre esconde uma palavra que não pode ser dita
Tão pouco quanto os desejosos gestos podem ser feitos
Nem que para isso espere até que se diga tarde demais
Tudo para esconder as sombras do gelo a própria simplicidade
Então caos, que me embala em sua agitação melancólica

Tempestade

Parou o carro sem desligar o motor, deixou a musica fazer seu papel... deixou-a dizer o que havia para ser dito, e ela disse. Desejou profundamente ter as resposta corretas, mas nao tinha e teria de lidar com com a falta delas e lidou. As vezes é melhor nao ter ajuda para errar, ele sabia.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Paixão

E me apaixono, simplesmente, furiosamente amo
E busco, pois não há perfume mais delicado
Tão pouco beleza mais sublime que o sabor do que é livre
Me entrego as sedosas linhas que desenham o caos
A melodiosa canção do que me fascina
E não busco motivo senão o próprio querer
Nem desejo mais do que apenas me deixar fascinar
Fazer do meu espírito livre o que ele bem entender
Seja viajar pelo desenho impetuoso de seus lábios
Ou cavalgar livremente ao som da melodia de sua voz
E há sinceridade nessa simplicidade controversa
O mais puro desejo de contemplar o que me é belo
O que queima minha alma com o desejo de vento no rosto
E sorrio porque vejo um jardim no mais profundo abismo
Posso sentir esse perfume colorido na mais densa escuridão
E nada mais importa senão o sentido que encontro nessa arte
Perfeita poesia que não pode ser descrita em qualquer traço
Apenas preenche minha alma, do caos faz tempestade
Da tempestade faz canção, um sorriso

Amanhecer

Ele parou o carro, manteve o motor ligado e ascendeu um cigarro, diminuiu o volume da musica e olhou para o céu. Não sabia dizer a quanto desejava isso, tão pouco sabia porque havia demorado tanto para fazer.
O sol estava nascendo, ainda não era visível, tingia as nuvens de vermelho, exatamente como estava sua alma nesse momento. Apenas o piano, a guitarra, o vento e o motor. Tragou, esvaziou a mente, e seguiu em frente.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Silêncio

Da vastidão branca, um passo, um gesto
Na procura por mim, o conhecido vazio
A paixão pelo reflexo ondulante
Senão pela própria superfície do lago
E se faz a decadência por estes modos tortos
Deixando a luz desaparecer ao longe
Altivo amor pelo desagrado, silencio
E gravei em meias palavras o que não sei dizer
Apenas pela vontade de descobrir o que pensar
Num anoitecer sem lua, uma chuva sem vento
Somente os passos para fazer meus demónios fugirem
Deitado sob este céu quebrado eu soube a verdade
Somente um altivo amor pelo desagrado, melodia

Caos

Abriu os olhos, a musica dizia tudo sem precisar dizer nada. A fumaça parecia dançar o ritmo, um caos ponderado, uma calma violenta. Ele não queria ser o herói do dia, e não era.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Canção e Silêncio

Somente mais uma fuga sem convicção
Para perto desta beleza musical
O suficiente para que o perfume cegue
Personifique toda dor em uma palavra
Essência das mais belas lembranças
Na sombra dos mais sinceros sorrisos
Da vontade que se perde em meio as flores
O mais perfeita morte, a promessa de uma vida
Perdida entre os erros sinuosos
Somente uma alma vagando entre linhas
Uma poesia imperfeita, um sentido profundo
Simplesmente mais uma destas palavras, melodia
E não deveriam ser os mesmos, nem ecos dos meus passos
Somente canção, um gesto, então silêncio...

Caos

Ela disse que aquilo não havia sido legal, ele discordou. Ele achava legal, toda a subjectividade, as palavras não ditas, a vontade. E era diferente agora, o ar ficava pesado, precisava lembrar de respirar, as palavras todas pareciam artificiais. Talvez fossem, ele precisa pensar em cada palavra, media cada passo, um verdadeiro campo minado, um clima estranho... Provavelmente porque coisas demais haviam acontecido. Ele não era só um cara, ela não era só uma garota... nunca seriam.
O amigo perguntou, a resposta foi óbvia, e ele já sabia como de costume. E isso fazia falta, alguém para quem fosse óbvio tudo que ele poderia dizer, alguém que mesmo assim perguntaria sempre.
Ele gostava de poucas pessoas, poucas mesmo, mas gostava muito destas poucas. O suficiente para se colocar em situações onde precisava lembrar de respirar.

domingo, dezembro 06, 2009

Fogo

Das notas suaves, constantes
Doce melodia que desperta minha alma
Se fez o ritmo para minha tempestade
Desenhada em palavras imperfeitas
Sem as cores que inundam meus olhos
Sempre procurando seu olhar
A certeza de um erro desejado
Para preencher o vazio com duvida e caos
Como um monte de fantasmas sem rumo
Correndo sem fim para lugar nenhum
Mas ainda ha beleza e nela me agarro
No sabor, no vicio, pelo que incendeia o desejo

Tempestade

As vezes tudo se torna tão confuso que ate mesmo o óbvio parece escapar. E se existe maneira melhor de fugir de fantasmas, que negar a própria sinceridade, eu não a conheço... E eh ai que se esconde a verdade irónica que há em tudo, ser sincero eh sempre pior para si do que para qualquer outro. Quem pode verdadeiramente negar o que sabe? Por quanto tempo?
As vezes eu olho para mim e não gosto do que vejo. Essa imperfeição, essa distancia de tudo que quero, os gestos, as palavras, tudo tão impreciso. Mas há algo de bom nisso, me faz lembrar que eu ainda sinto algo, da mesma forma como as coisas de que gosto, como meu vicio por perguntas, minha sede por respostas... em um mundo onde as perguntas pouco importam, e as respostas são irrelevantes, vazias. Eu vejo um lugar onde as pessoas vivem pelas suposições, e elas são suficientes para alimentar seu bem-estar egoísta e pequeno.
Tantas pessoas parecem viver sem precisar de um sentido, sem precisar de nada maior que as pequenas preocupações diárias. Eu não entendo a diferença, e por mais que eu procure, não encontro uma boa resposta.