quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Chamas

E foi, esta sendo, no mínimo controverso. tão bom e tão ruim ao mesmo tempo, e se não for isto que me atormenta nestes pequenos contatos, então não saberia dizer o motivo.
Eu preferia o ódio, sempre ajuda. Incendeia tudo, e transforma a duvida em cinza. Mas o ódio, a verdadeira cegueira de uma tempestade flamejante não vem quando invocada, é espírito livre, selvagem e caprichoso. E para quem discorda, eu só tenho a lamentar por nunca ter provado da calma vermelha, silenciosa, presente no mais puro e primitivo dos instintos, na selvageria que justifica a si mesma no crepitar das chamas que consomem uma alma reflectindo o inferno nos olhos.
Mas ele é caprichoso e só atende a seus próprios desejos. Assim Urd, Verthandi e Skuld riem ao pé de Yggdrasil.

domingo, fevereiro 21, 2010

So Close

"So close no matter how far..."

Triste despedida, que leva um pedaço meu... Alguém que aprendi a amar rápido, de um modo belo e sublime. E quando for desatado este nó em minha garganta, talvez eu possa voltar a respirar normalmente, talvez as palavras saiam e meus olhos não mais me traiam.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Guinevere

"[...] tinha no rosto um ar desafiador. Se você puder me dominar, pareciam dizer aqueles olhos, poderá dominar qualquer outra pessoa que esse mundo maligno venha a trazer. Posso vê-la agora, parada em meio aos seus cães de caça que tinham os mesmos corpos finos e esguios de sua dona, o mesmo nariz comprido e os mesmos olhos de caçador. Olhos verdes, ela possuía, com uma espécie de crueldade bem no fundo. Não era um rosto suave, assim como o corpo não era suave. Era uma mulher de linhas fortes e ossos altos, e isso formava um rosto bom e bonito, mas duro, muito duro. O que a tornava bela era o cabelo e o porte, já que se mantinha tão reta quanto uma lança, e os cabelos caíam em volta dos ombros como uma cascata de cachos vermelhos. [...] Existiriam muitas outras mulheres bonitas, e milhares que foram melhores, mas desde que o mundo nasceu duvido que tenha havido muitas tão inesquecíveis quanto Guinevere [...]
E teria sido melhor, Merlin sempre dizia, se ela tivesse sido afogada ao nascer."
( O Rei do Inverno, pg. 220 - 221 )

E eu reconheci a tolice, quando Artur se apaixona, apenas uma tolice capaz de condenar um reino. Por outro lado, Merlin, mesmo tendo sofrido as Três Feridas da Sabedoria, errava.
O futuro não é inexorável.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

As vezes é preciso existir

Quase sempre.

Já vou avisando, cedo assim, que este post não lhe interessa. Assim como os demais, certamente. Só quero ter um bom local para guardar uma reflexão pseudo-importante, da qual eu certamente irei rir num futuro não muito distante. Então, pela importância destinada a uma futura piada sem graça, reservo a este espaço as tortuosas (sic) linhas que se seguem, e não vão a lugar algum, como de costume.

O fato é, se fatos existissem (Nietzsche, lembra? "Não há fatos, apenas interpretações"), que foram trezentos e poucos dias muito interessantes, estimulantes e muitas vezes subversivos. E tudo iniciando pelo melhor, subversão! Uma verdadeira tempestade de fogo e raios para deixar em pedaços a frágil moral, e não há nada melhor que isso para levantar o moral de um homem!
Pense nisso, é quase um conto medieval... Tudo começa com o que deveria ser uma catástrofe, que empurra nosso protagonista (anti-herói, nada de heróis aqui, ok?) na direção de um enredo cheio de mentiras, romance, manipulação, jogos, poder, vinho e todo o conjunto necessário a qualquer filme B que se preze... Ok, faltou o sangue e morte, mas para a felicidade do nosso protagonista, foi apenas um quase.
Há algo mais estimulante, mais vivo, ou ainda, mais enaltecedor para qualquer anti-herói do que isso? Sair de seis miseráveis anos de monotonia, em meio a uma pseudo-catastrofe, e se lançar diretamente a uma trama complexa, um tanto perigosa, e excitante? Não, eu digo, não há. Ainda mais pelos espólios recolhidos, e mais importante que estes, pela bela poesia, dourada aquosa, com a qual invariavelmente ouve o deleite dos prazeres mais simples e complexos que se pode desejar num mundo como o nosso.
Eis então o primeiro ato dessa peça de segunda. E eu digo sem medo de errar, foi emocionante, a trilha sonora ainda reverbera em meus ouvidos.
E como o show deve continuar, a peça segue com um meio estranho. Sabe aqueles roteiros que parecem não fazer sentido nenhum até que chega o final, e depois do final continua sem sentido? Então...
O nosso protagonista, ainda envolvido pela trama principal, hora foge, hora procura a tempestade caótica que se fez ao seu redor, e esta atitude faz com que as coisas se acalmem e voltem a sua monotonia habitual. O caos o deixa de lado, deixando de dar o ar de sua graça a vida do intrépido anti-herói e num jorro de acontecimentos sem nexo, nem ligação, nosso herói se isola em terras ermas. Não que ele busque iluminação espiritual, tão pouco aperfeiçoamento físico, ele apenas foi jogado lá por um diretor insano e apaixonado pelo caos e complexidade.
Nosso amavelmente odiável protagonista vê a si mesmo nesse cenário entediante, por um impulso alcoolicamente corajoso ele altera suas falas e segue na direção da civilização mais próxima. Neste ponto poderia ser o fim de toda uma peça miseravelmente ótima, mas o filho da mãe tem sorte como nenhum anti-herói hollywoodiano precisa.
Aqui acaba o segundo ato, que tem um charme bem clichê: todo anti-herói que se preze precisa fazer algo que o publico não esperava, e ele fez. O terceiro ato é um misto de peça teatral escolar com curta europeu de segunda linha.
Nosso protagonista envolve-se com questões morais, aquelas discutidas por adolescentes em programas de nenhuma audiência na madrugada, e joguetes românticos ao estilo "Segundas Intenções". Tudo isso regado a muitos lances arriscados, sorte e cerveja.
No final nosso malevolamente benevolente anti-herói percebe o quão bom é estar vivo e vivendo, e que cerveja gelada é melhor do que ele achava. Nem tudo foi como ele esperava, tão pouco é, mas foi tudo muito importante de algum modo. Ele está bem, ferido (nenhum anti-herói pode sair ileso, não faz sentido), mas bem.
Eis o fim terceiro e, no momento, ultimo ato. No epilogo vocês podem assistir aos créditos (escritos em uma língua que ninguém sabe ler, para dar um charme) e ver ao fundo nosso protagonista ascender uma pira para queimar as lembranças da "santa" prostituta que encontrou em Roma, junto de sua irmã Demétria, das quais a única coisa que quer lembrar é da futilidade morta que as impregna como impregna tudo do que ele se afasta.

Como eu disse, plagiando outros, mas disse: As vezes é preciso existir... Quase sempre!

Beleza

O amigo disse:
- A beleza do amadurecimento...
Ele tragou e respondeu:
- Ou, a rudeza do endurecimento... Mas não deixa de ser belo.

Despedida

Eu fiz um milhão de besteiras num passado não muito distante.
Eu disse o que não devia, deixei de falar o que devia, me humilhei ou fui orgulhoso.
Algo, pelo menos uma coisa, eu aprendi bem. Para algumas pessoas vale a pena manifestar nossos desejos.
Eu desejo que você fique, e você não faz idéia do quanto, mas também desejo que você faça boas escolhas para você sejam elas quais forem.

(01/02/2010)

sábado, fevereiro 06, 2010

Caos

Ascendeu o último cigarro da noite com displicência, como era quase com tudo. Tragou observando a chama do isqueiro dançar de modo sedutor, promíscuo... Apagou-a com um sopro, fazendo da fumaça uma tempestade ondulante.

- Uma camiseta camuflada... - Verbalizou o pensamento. Achou estranho saber, desde o primeiro momento, que disso não se esqueceria com facilidade.

Tragou novamente, deixando toda a corrente de sentimentos, muitos dos quais seriam novidade para todos que o cercavam, invadir-lhe a alma. Arrastando-se das entranhas de sua mente, trazendo consigo o cheiro acre e o gosto metálico e salgado, tão característicos deles, eles marcavam toda superfície que tocavam... e essas marcas ecoaram na profundidade incoerente de um lago congelado.
Sorriu.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Sândalo

E não há nada como o sentido
Reto e promiscuo da perda
Do que não se tem, não se pode ter
Tão belamente selvagem quanto o vento
Tão fascinantemente livre como um beijo
Não há nada que se possa fazer
Senão parar ao lado do estribo de sua montaria
E observar o horizonte, mesmo depois de vazio
Lembrando dos contornos desenhados pelos dedos
De um sonho curto perfumado de sândalo