sexta-feira, junho 04, 2010

Make a wish

As vezes é difícil saber se algo é realmente uma certeza, e não somente um desejo, ou mesmo se o desejo que se mostra a superfície não é uma inversão de algo que se quer e não se pode ter. Pior, quantas vezes eu não desejo querer algo, e minhas vontades selvagens correm caoticamente rumo a um sentido insano e despropositado.
No final das contas esse é o grande desejo, querer algo, qualquer coisa. Prender-se a um quebra-cabeça para desviar a atenção do óbvio, eu não quero nada neste instante, assim como foi em cada instante que consigo lembrar.

terça-feira, junho 01, 2010

Contornos

Sob um olhar tão distante, o suave rubor
Mais claro do que se ao alcance do toque estivesse
E nada impede que o sedento desejo tome para si
O controle impulsivo que não espera ser domado

Sob o suave toque áspero das palavras
Ditas no silencio, o deleite enlouquecido da paixão
E sua sinfonia que crepita como as chamas do arrependimento
Marca na alva textura sua fuga tortuosa

Não mais que as marcas de seus dedos imprecisos
A imprecisão do aroma perpetuado em sua mente
Como uma chuva fina ou as sedutora chamas dançantes
Não menos que a tempestade que devastou toda cor

No passageiro que paira sobre as brilhantes letras
Em uma mensagem sombria, a verdade sedosa
Mesmo quando conhecido é o saboroso veneno
Sua sinuosa trajetória não poderia atenuar o querer

O arranhar, eloquente e profundo, da beleza inegável
Se faz perceber aos sentidos cegos pelo medo
Como a mais rubra rosa no abismo, a luz implacável
Inconfortável faz ser o que com empenho se evitou

Sob uma fria, fria noite, o eco das palavras reverbera alto
Quando chama para si a responsabilidade sobre nada
A melodia se faz ouvir pelos delicados contornos na lembrança
Nada será, senão mais uma fria, fria noite perfumada