terça-feira, junho 01, 2010

Contornos

Sob um olhar tão distante, o suave rubor
Mais claro do que se ao alcance do toque estivesse
E nada impede que o sedento desejo tome para si
O controle impulsivo que não espera ser domado

Sob o suave toque áspero das palavras
Ditas no silencio, o deleite enlouquecido da paixão
E sua sinfonia que crepita como as chamas do arrependimento
Marca na alva textura sua fuga tortuosa

Não mais que as marcas de seus dedos imprecisos
A imprecisão do aroma perpetuado em sua mente
Como uma chuva fina ou as sedutora chamas dançantes
Não menos que a tempestade que devastou toda cor

No passageiro que paira sobre as brilhantes letras
Em uma mensagem sombria, a verdade sedosa
Mesmo quando conhecido é o saboroso veneno
Sua sinuosa trajetória não poderia atenuar o querer

O arranhar, eloquente e profundo, da beleza inegável
Se faz perceber aos sentidos cegos pelo medo
Como a mais rubra rosa no abismo, a luz implacável
Inconfortável faz ser o que com empenho se evitou

Sob uma fria, fria noite, o eco das palavras reverbera alto
Quando chama para si a responsabilidade sobre nada
A melodia se faz ouvir pelos delicados contornos na lembrança
Nada será, senão mais uma fria, fria noite perfumada

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