segunda-feira, dezembro 06, 2010

Simetria

Quanto toda a convicção se esvai, volátil se desfaz em nada
Nós não deveríamos ser os mesmos, ainda assim tão diferentes
Mesmo a mais perfeita simetria colapsa sobre o próprio peso
Engole a si em sua frágil arrogância, a confiança tola que destroi

Quando sua boca seca, cheia das palavras não ditas
E a ingenuidade faz-se apenas mais uma promessa de mentes confusas
Então todos teremos uma chance, o ímpeto de voltar para si
Não importa o quanto custe a verdade, não importa seu sabor acre

Reality’s a bitch sometimes.

sexta-feira, novembro 19, 2010

Hell

"Eu tinha 17 anos naquele momento, quando percebi que o sofrimento era somente um meio para escapar à vileza, um meio de ascender ao sublime. Não foi, entretanto, essa provação e a dor provocada por ela, ou ainda as causas das mesmas, que fizeram de mim o que sou. 
Ignoro todo esse desespero que urra, contra o qual nada posso."
(Hell, pg. 55) 

quinta-feira, novembro 18, 2010

Resposta

O sorriso veio, inesperado e sem convite, com sua dor fria e sincera
De um lugar longe demais para ser alçando, um som surdo e seco
Arauto da morte, sombrio passageiro, a detentora de todas as chaves
E não importa quão profunda seja a escuridão, sua beleza oprime

A verdadeira fraqueza, frágil e arenosa, faz-se perceber sem timidez
Como o fogo, executa sua dança promiscua e sedutora
A essência da queda, uma melodia sedosa, o mais profundo desejo
Quando esconder-se de si não é possível, somente uma busca interminável

Como a inocência, a vida jaz aos pedaços, fragmentos de arestas afiadas
O cortante caminho daquele que busca a verdade a todo custo
E não se pode voltar atrás quando este é o único caminho que se tem
Mas esta é a sua noite, o seu perfume fúnebre, o mesmo desejo a cada respiração

O eco dos passos, desconhecido companheiro, a perda do reconfortante controle
As palavras que evocam a queda, a tempestade flamejante e cinzenta
Quando a liberdade aprisiona sua alma com seu gosto rubro, salgado e metálico
Não haverá resposta ao teu chamado, apenas o som das penas negras do mensageiro

segunda-feira, novembro 08, 2010

People Are Strange

People Are Strange - The Doors

People are strange, when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked, when you're unwanted
Streets are uneven, when you're down

When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange

People are strange, when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked, when you're unwanted
Streets are uneven, when you're down

When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange

People are strange, when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked, when you're unwanted
Streets are uneven, when you're down

When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange

Sombra

Silenciosa, incorruptível... desperta no meu sono, mas não dorme
A sombra, essência de cada sorriso torto, observa e sorri
Deleita-se com o caos, inspira as chamas, deseja...
E quem poderia negar-lhe esse prazer?

quarta-feira, novembro 03, 2010

Fim

O fim, temido e desejado fim, tão certo e imprevisível
Talvez o mais belo paradoxo, a origem e destino de todo caos
A essência de toda tempestade, a beleza e motivador de toda importância
Flamejante e suave como sonhos confusos em uma noite calma
E talvez o maior preço cobrado pela liberdade seja a força
O ímpeto necessário para escolher algo quando finalmente se tem escolha
Do mesmo modo como o preço pela curiosidade possa ser a alma
O desejo incontrolável de controlar, saber e entender
E quando finalmente se entende que, a fundo, nada importa ou faz sentido
Então o fim esta próximo e você pode finalmente começar

Caos

Leu o que havia para ser lido, deixou a mente vagar pelos lugares mais sombrios para onde aquelas palavras poderiam leva-lo. Aguardou... e nada, absolutamente nada. Provavelmente teria sorrido, mas havia algo no que pensar ainda.
 - Um ato sem razão, sem um objetivo claro...

sexta-feira, outubro 29, 2010

Desejo

Uma viagem sem rumo até o que se é, o que se pode ser
Um passo pelo intenso desejo de razão, ímpeto
Quando se busca a si onde não se pode alcançar
A consciência esquiva da mais simples verdade

segunda-feira, outubro 25, 2010

O Som do Trovão

A alma apaixonada pelo som do trovão
Aquela que em essência é o próprio hálito de fogo do dragão
Assim como louva a tempestade pela sua beleza
Pode se sombria, mas amo-a e a chamo-a de "eu"

sexta-feira, outubro 22, 2010

Traição

"Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo. Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez." ( Medo da Chuva - Raul Seixas )

terça-feira, outubro 19, 2010

Toque

Se toda voz, independente das palavras, lhe diz a mesma verdade
E por tempo demais se olhou ao longe, ou ao reflexo turbulento
Entrega-se ao resgate do gélido toque do metal
Procura, encontra se desejar, a alva textura do tempestuoso perfume
Ou mesmo, encontrado seja pelo desejo recem desperto
Combate o demônio da inercia, fonte decadente da estagnação
Quando se acalmam as superfícies, talvez seja outro o olhar
Do mesmo modo que toda nota acaba no silencio
O silencioso olhar deveria ser, talvez, apenas outra nota desse perfume

segunda-feira, outubro 11, 2010

Solitude

Me sinto cansado, tão cansado quanto jamais estive.
Talvez eu somente queira tomar essa decisão sozinho... sem alguém para me dizer onde esta o problema, ou me dizer o valor que as coisas tem. Eu sei o valor que as coisas deveriam ter, eu provei o seu gosto.
Talvez eu prefira não sentir, denovo, nada assim. Eu sei como é falhar dando o melhor de si, e eu sei  quanto é difícil livrar-se da culpa. Fazer-se alguém inteiro novamente, e não somente pedaços.

Follow the gray rabbit



I think I should go...

domingo, outubro 10, 2010

The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had

Mad World - Gary Jules

All around me are familiar faces
Worn out places
Worn out faces
Bright and early for the daily races
Going no where
Going no where
Their tears are filling up their glasses
No expression
No expression
Hide my head I wanna drown my sorrow
No tomorrow
No tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Children waiting for the day they feel good
Happy birthday
Happy birthday
And I feel the way that every child should
Sit and listen
Sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me
No one knew me
Hello teacher tell me what’s my lesson
Look right through me
Look right through me
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Enlarging your world
Mad world

sexta-feira, outubro 01, 2010

Minimalista

Se as conquistas, ou objetivos, justificam qualquer coisa... Somos todos farsantes hipócritas. Senão justificam, somos um rebanho.

Especialmente para o(a) fiel leitor(a) matinal.

terça-feira, setembro 28, 2010

Garras

É impossível ter garras e não destruir algo, em algum momento.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Vislumbre

Cada manhã trás a doce lembrança da perdição
O vislumbre do arrastar de suas próprias garras
A duvida, pedaço por pedaço, no afogar-se em si
O ultimo primeiro passo sobre o nada, consumindo-me

Cada manhã trás a escuridão sobre a aurora
O estridente rasgar do tangível, o perfume das sombras
Escorrendo pelos dedos com sua calma apática
Ruidoso, inexistente, tomar de fôlego

Adormecida e tortuosa ilusão, o fim em cores
Emersão dos reflexos sedentos pela carne
Consciente espiral, alem da tempestade
Constante busca pela ferrugem sobre a pele alva

Na loucura, sensata deliberação, de um suave movimento
Mais um consequente arranhar dos ossos expostos
Acolhedor toque deste passageiro de arestas afiadas
Gotejante instrumento para silenciar o erro, doce silencio

The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had

terça-feira, setembro 21, 2010

Monstro, demasiado monstro

"Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti."  (Friedrich Nietzsche)

quarta-feira, setembro 15, 2010

Cinza

O cinzento e gélido sabor desta textura cortante

Como o reverberar solene e metálico da culpa
Agitado tal qual o mais comedido movimento
Sob o olhar desta sombra, faz-se perceber
Descontrole ponderado, o esforço de tudo tocar
A superfície que livra de si tudo que não teve
Gelado e vasto impulso pelo indesejado
Somente pelo desejo de ser tocado por algo
Ou alguma coisa, alem da tola trégua com a ilusão
O mais puro ímpeto de liberdade, uma prisão para os sentidos
E se a cor, perfumada cor, se fizesse real
Não apenas se manifestasse na silenciosa tempestade
Tão certo seria o fim, quanto poderia haver começo
Mas é apenas mais um acorde ressonante de discórdia
O mais puro desprezo pelo valor, perverso olhar
Um sorriso a sombra do limiar, sob o sabor do sangue
O paradoxo personificado na simples complexidade de mais um sabor
Ou ainda, mais uma marca profunda numa alma superficial

terça-feira, agosto 31, 2010

Liberdade

Tão bela e reconfortante é a mentira que escorre pelos meus dedos
A essência do descontrole que se confunde a sinceridade absoluta
Quente e crível como minha própria existência, como a dúvida
A liberdade insana, evocada pelos meus lábios, faz-se perceber
Enquanto a musica encerra a verdade sob o pesado manto do que é simples
O melodioso perfume de uma noite fria, eterna por desejo

sexta-feira, agosto 27, 2010

Queda

E talvez o desejo de perder o combate, apenas para ter uma guerra na qual lutar, seja tão real quanto a dor na ponta dos dedos... pressionando as cordas de aço, como se isso bastasse.
Apenas um escuro e frio campo de batalha, jamais somente alguém... O monstro que tornou-se enquanto tentava derrotar o monstro. Um abismo da mais infecciosa deturpação, nos olhos do teu inimigo.
O salto, porem, tanto é a mais pura paixão pela queda, quanto um ato de desprazer por si ou por tudo.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Espiral

Desejei, profundamente, que muitas coisas fossem eternas... imutáveis e indivisíveis. Desejei por tanto tempo que fiz parecer parte da minha própria existência talvez. E como tudo, estas coisas mudaram, mudam e desaparecem... As vezes tão repentinamente que é possível se perguntar se foram reais ou somente desejos e sonhos, desejos de sentido, qualquer sentido.
Como as lembranças, os antigos desejos agarram-se a carne e parecem impossíveis de banir sem que se tire a própria vida no processo... Não que isso faça alguma diferença agora.
Bela é a ilusão de se andar em círculos, quando na verdade o centro nos atrai com sua fria e perfumada espiral.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Aloneness

Eu posso ver o que se espera, pois desejo algo a ser esperado. Posso cheirar o que se diz bom, para meu olfato todos os perfumes são arte. Posso, ainda, tocar o que é aclamado, sendo isso o pouco poder que me foi concedido...
Eu sei falar de amor, sei explicar o ódio, como quem sente intensamente tudo que o rodeia. Sei dizer onde cada uma dessas palavras são esperadas, desejadas talvez, mas nada disso me importa, do mesmo modo que não me importa saciar teu ego ou sede... não me sinto como se espera, me sinto como sou, possa alguém ver ou não.

terça-feira, julho 20, 2010

Solitude

Respeito muito mais quem é capaz de sentar-se no chão, encostar a cabeça nas caixas de som e se deixar ensurdecer enquanto ignora o resto. Respeito quem é capaz de decidir, enquanto um multidão diz que se deveria estar em pé, pulando...
Enquanto uma multidão deseja que tudo que esta diferente seja estranho, eu prefiro sentar-me no chão, encostar a cabeça nas caixas de som e deixar a musica gritada por elas me ensurdecer... Eu sorrio no meu caminho, e no meu caminho sou minha melhor companhia... Apenas um all star sujo, a fumaça e a musica.
Que aja o caos ou a ordem, não importa. Assim como não importa que aja coisa alguma senão o ímpeto pelo que é minha vontade, o ardor por ser, pois sendo estarei.
E egoísta será minha assinatura, se for justo dizer ser egoísta quem sente o mundo dessa forma. Eu posso ver o que se espera, posso cheirar o que se diz bom, posso tocar o que é aclamado... Assim como eu sei falar de amor, sei explicar o ódio, sei dizer onde cada uma dessas palavras são esperadas, desejadas talvez, mas nada disso me importa... não me sinto como se espera.
Enquanto houver beleza pela qual se apaixonar, se deixar tocar, o leve sussurro mesquinho do que é mediano não poderá desfazer esse sorriso sarcástico, nem diminuir o prazer de um dia frio de chuva fina.

sexta-feira, junho 04, 2010

Make a wish

As vezes é difícil saber se algo é realmente uma certeza, e não somente um desejo, ou mesmo se o desejo que se mostra a superfície não é uma inversão de algo que se quer e não se pode ter. Pior, quantas vezes eu não desejo querer algo, e minhas vontades selvagens correm caoticamente rumo a um sentido insano e despropositado.
No final das contas esse é o grande desejo, querer algo, qualquer coisa. Prender-se a um quebra-cabeça para desviar a atenção do óbvio, eu não quero nada neste instante, assim como foi em cada instante que consigo lembrar.

terça-feira, junho 01, 2010

Contornos

Sob um olhar tão distante, o suave rubor
Mais claro do que se ao alcance do toque estivesse
E nada impede que o sedento desejo tome para si
O controle impulsivo que não espera ser domado

Sob o suave toque áspero das palavras
Ditas no silencio, o deleite enlouquecido da paixão
E sua sinfonia que crepita como as chamas do arrependimento
Marca na alva textura sua fuga tortuosa

Não mais que as marcas de seus dedos imprecisos
A imprecisão do aroma perpetuado em sua mente
Como uma chuva fina ou as sedutora chamas dançantes
Não menos que a tempestade que devastou toda cor

No passageiro que paira sobre as brilhantes letras
Em uma mensagem sombria, a verdade sedosa
Mesmo quando conhecido é o saboroso veneno
Sua sinuosa trajetória não poderia atenuar o querer

O arranhar, eloquente e profundo, da beleza inegável
Se faz perceber aos sentidos cegos pelo medo
Como a mais rubra rosa no abismo, a luz implacável
Inconfortável faz ser o que com empenho se evitou

Sob uma fria, fria noite, o eco das palavras reverbera alto
Quando chama para si a responsabilidade sobre nada
A melodia se faz ouvir pelos delicados contornos na lembrança
Nada será, senão mais uma fria, fria noite perfumada

quinta-feira, maio 27, 2010

Cinza

O cinza e frio toque desta textura afiada
Sob o olhar deste passageiro sombrio é possível sentir
Ou mesmo no esforço para tudo tocar
Talvez pelo desejo de ser tocado por algo
Ou alguma coisa, alem da tola trégua com a ilusão
E se a cor, perfumada cor, se fizesse presente
E não se manifestasse apenas nesses devaneios de calmaria
Então essa sedosa composição faria de si a beleza que almeja
E, tão certo quanto o sentido estar no fim, haveria um começo
Mas é apenas mais um acorde ressonante de discórdia
O paradoxo personificado na simples complexidade de mais um sabor
Ou ainda, mais uma marca profunda numa alma superficial

domingo, maio 23, 2010

Limiar

Ok... este não eh um post comum, da mesma forma que estes não tem sido dias comuns.
Eu aprecio a tempestade, eu aprecio sua ordem e seu caos, mas eu, cada vez mais, sou levado a questionar o que há abaixo da superfície. Apreciar os reflexos distorcidos somente, já não basta. Eu quero, eu desejo, saber o que há de fato ali.
Algumas pessoas, provavelmente a maioria, não olha para as sombras por medo do que pode encontrar. Não deveria ser assustador olhar e não haver coisa alguma? Eu acho que sim, eu sei o que significa assustador, eu sei quando algo deveria ser assustador... mas eu não consigo ir alem disso. Encontrei o nada e me pergunto a quanto tempo ele existe. A quanto tempo existe esse vazio, escuro, gelado, metódico e caótico?
O mais importante de tudo, talvez a única coisa que importe, quantas respostas nos queremos? Ou, com quantas respostas saberemos lidar? Eu nunca fui bom em saber parar, apenas mais um limiar.

domingo, maio 16, 2010

Lifestyle

Long live Rock 'n' Roll!

quarta-feira, maio 12, 2010

Pedaços

Mesmo o mais profundo desejo de ponderar cada simples movimento, apenas mais um ato falho e inconstante... tão comum! E poderia ser cegueira, ou apenas detalhes, desta continua falta de percepção. E se a empolgação me arrasta, como fariam as sombras, para mais uma sucessão de palavras desprovidas de sentido, então eu poderia compreender a verdadeira essência do que é fútil nessa superfície gelada.
A beleza, por outro lado, corrompe minha alma e faz florescer a perfumada melodia na escuridão. Disso o desejo não pode me livrar, tão pouco a lucidez seria mais que arranhões no chão gelado... o doce arrastar deste perverso caos.
Talvez seja apenas a falta de apego, a falta da pesada ilusão de importância que as coisas deveriam ter. Porem, quando somente essa árida paisagem se faz presente, eu prefiro ser o reflexo desse ser tempestuoso e ser queimado pelo fogo que incito tão apaixonadamente, do que me submeter a essa vontade cinza e opaca que me é oferecida.
Quando tudo o mais parece cair vitima dessa doença amarga, o preço mais caro que se pode pagar é nada perder, somente para descobrir, mais tarde, que perdeu-se tarde demais. E demasiado cedo achar seus pedaços, como se fosse mais uma manha fria de chuva fina. A alma inquieta, que clama pela liberdade de mais uma brisa, somente pode encontrar as perguntas nos pedaços do espelho, mas nunca a verdade encerrada sob a mascara da hipocrisia... tão cuidadosamente decorada!
E se não fosse apenas mais uma manha fria de chuva fina... Então, talvez, eu pudesse aguardar ate isso dormir, e fazer musica das marcas deixadas no pó ou apenas deixa-las.

domingo, maio 09, 2010

Castanho

Mesmo que fosse possível evitar, não o faria
Tão pouco fugiria desse olhar que não aconteceu
Não somente me deixo arrastar para mais um abismo
Por mais belo sorriso, por linhas que desenham minha imaginação
Nem mesmo o é assim pelas palavras que embriagam
Envenenam minha vontade e me fazem ceder mais uma vez

Caos

As vezes não importa se é simples, certo e necessário, será tão difícil quanto tentar ignorar a gravidade.

terça-feira, abril 06, 2010

Desfecho

Há um poço no qual me nego a mergulhar, e por não haver opção eu observo da superfície. A visão é real, mas distorcida e não oferece o suficiente para saber qual o sabor da agua, nem mata minha sede.
O mostro que eu criei, alimentei dos meus vícios, da minha forca e de toda mentira que contei a mim e fui capaz de acreditar... Enquanto fui capaz de acreditar. Agora eu me torno não mais que isso, nem menos, pois não posso ver alem da própria criação, todos os meus belos traços falsos.
Se havia o conforto de mais uma mentira, contada a lentos passos do relógio, não há mais, pois o calculo não foi preciso. A mentira, desmascarada por um erro tolo, é então somente mentira. E assim foi.
De todas as promessas que não cumpri, as únicas que me causam dor são as que fiz a de fronte a superfície do lago. Não hei de me envenenar por uma curiosidade negra, curiosidade alimentada pela fraqueza e medo; Não hei de mergulhar em uma mentira, por conforto, fundo o suficiente para descobrir que não poderei voltar.
Humano, apenas, que sabe onde encontrar a essência da sua mais vil fissura, e nela não mergulha por estar cansado de uma batalha que nunca travou. Por não saber confiar em uma resposta que permite a duvida... por duvidar simplesmente.
Há, sempre houve, um limiar. Não é um ano, nem mais poderia ser. O ultimo limiar não pode ser quantificado, não me sinto capaz disso, apenas sinto-o arrastando-se.... escuto suas garras arranhando o chão e me inquirindo sobre qual será o desfecho. Ele o sugere, como sempre.

segunda-feira, abril 05, 2010

Desgosto

Meu interesse morre exatamente no seu próprio limite... Por maior que seja a tentativa, não há o que ser acrescentado e eu me canso. As vezes algum mistério, o desconhecido por si só, outras vezes um teste de limiares... Então sobra o desgosto pelo que não oferece mais nada.

terça-feira, março 23, 2010

Primórdio

Infelizmente, talvez não o desejável pior exemplo. Quando se lê em sua textura uma fragilidade latente, os efeitos implícitos de tudo que foi, com uma clareza mórbida a melodia perde o mistério. Eis então que a visão critica e aguçada cobram seu preço, mostram suas garras e com elas arranham na profundidade para a qual são empurradas inutilmente, pois o som áspero, metal sendo retorcido impiedosamente, não pode ser abafado nem mesmo pela profundeza de um lago congelado... tão pouco pela alma rasa e comum, que tenta entorpecer a si mesma com as ilusões frágeis de conquista.
E não seria, por acaso, rasa a alma que busca consentimento para embriagar-se em ignorância? Talvez somente mais um tom ressonante de tão débil sensação táctil. Como saber? Pois se todas os acordes são repercussões dos anteriores, a musica seria apenas a imitação de um original que nunca existiu, um organismo auto-suficiente criando copias para suprir a falta da fonte.
Certamente eu prefiro crer que há algo de novo, um toque, uma vibração ou perfume, que surge pela curiosidade, pelo acaso ou pela descoberta e gera suas suaves ondulações na superfície do lago. E me frustra pensar que isso seria, como de fato parece ser, somente mais uma reação. Onde foi parar a ação original, o singular e primordial ato que precede o efeito?

segunda-feira, março 15, 2010

Superfície

E não há respostas absurdas, tão pouco precisas e sensatas
Quando se olha para o passado e se pode ver as linhas com clareza absurda
Enquanto o presente mergulha nas mais densas brumas e confunde o futuro
Quando os pensamentos são agitados pela forte tempestade, fortes ventos
E as lembranças se lançam e usurpam o lugar a superfície ensolarada
Quando deveria haver o ofuscar do tempo no que, com clareza, incendeia o ódio
E um brilho do que é novo, os cheiros e sons do que é, e não somente foi
Toda deliberação se inverte, confunde e mistura com o pó, e no pó morre
Talvez como as palavras vazias que se perdem num segundo
Ou mesmo, os gestos que são esquecidos pela ausência da verdadeira beleza
Pois este é o sentimento de ver vazio o que se preencheu com tanto esforço
Por alguém que acreditava poder encher de sentimentos voláteis
Uma superfície tão imperfeita quanto a alma mais egoísta e mesquinha
E nestas pontiagudas linhas o remorso se esvai com o ultimo acorde.
A ultima marca permanece, com sua essência latejante, uma lembrança
Pois é mais fácil perder um doce e belo perfume, de linhas suaves e suaves lábios
Do que o cheiro acre, salgado e arenoso do arrependimento
Somente, por si mesmo, o erro de um sentimento trocado e nada mais

Caos

Se você conta uma mentira para si mesmo por tempo demais, você fica resistente a encarar a verdade por trás da coisa. Talvez seja resistência a jogar todo esforco, despendido para acreditar, fora... Ou talvez, simplesmente, seja a necessidade arrasadora de nao ter sido enganado por si mesmo.

domingo, março 14, 2010

Everybody Lies

"Pessoas se encontram, gostam de algo superficial, e então completam o vazio com o que quiserem acreditar.
[...] Fui eu quem foi atrás dela. Talvez estivesse somente preenchendo os vazios. Talvez... Talvez a primeira reação era a certa. Éramos apenas duas pessoas próximas e nos achamos atraentes, não deveríamos nunca ter..."

(House M.D. - 6a temp. Ep. 14 )

quinta-feira, março 11, 2010

Caos

Eu estou de boa... sério. Só queria ter algo para matar.
Apenas 0.451 polegadas... Tudo que é preciso para se estar em paz...

quarta-feira, março 10, 2010

Gone Away


And it feels...
And it feels like
Heaven's so far away!
And it stings...
Yeah it stings now!
The world is so cold...
Now that you've gone away!




Imagem: Denis Grzetic
Música: Gone Away - The Offspring

terça-feira, março 09, 2010

Contornos

O desejo mais simples, diferente das ásperas e pontiagudas palavras
Num olhar distante, nunca voltado para trás, nunca em silencio
Diferente de tão repetidas e erradas historias de mais cedo
Apenas o prazer de olhar adiante e sentir o vento livre no rosto
Sem grilhões, tão pouco possibilidades de mais escravidão
As lembranças, impressas em marcas profundas, do que não se quer mais
Agora quero apenas o suspiro, que queima pelo que esta longe
Queima pelo desejo de mais tempo, mais perto, muito mais perto
Num tempo aproveitado ao máximo, o eco das suaves linhas
Os contornos em minha memória, o cheiro em meus dedos
Um amarrador, para desejar mais tempo num lugar mais próximo
Um olhar no horizonte há dias vazio

Longe daqui

Eu tentei ser claro. Eu não sou mais uma reserva, nem desejo mais a incostância de vontades voláteis e egoístas. De amores falsos me fartei, marquei, cansei.
Quero unhas, cansei das garras, assim como eu prefiro ser tocado, não segurado. Desisti da desistência constante, passei a admirar o silencio ao invés das mentiras.
Eu tentei ser claro. O que eu quero, não esta aqui. Aqui eu não tenho nada, e nada poderia voltar a querer.

segunda-feira, março 01, 2010

Remorso

Me desprendo sem remorso, fácil assim
De coisas cheias de historia, de difíceis e intrincados caminhos
Com certa hesitação, os gritos mais agudos de um silencio de morte
Nada mais que um passo no escuro, um movimento de palavras
Talvez o um leve tremor ao som dos ecos distantes
As sombras dos fantasmas que lhe seguem, doces e delicadas duvidas
Fugido deles sem direção, tão pouco convicção
Nos mais belos erros, terríveis acertos de uma alma que parte para longe
Se não fosse pela traição de meus dedos, seria doce a verdade de meus lábios
E estes dedos traem o mais simples dos fatos, não há remorso nem consideração

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Chamas

E foi, esta sendo, no mínimo controverso. tão bom e tão ruim ao mesmo tempo, e se não for isto que me atormenta nestes pequenos contatos, então não saberia dizer o motivo.
Eu preferia o ódio, sempre ajuda. Incendeia tudo, e transforma a duvida em cinza. Mas o ódio, a verdadeira cegueira de uma tempestade flamejante não vem quando invocada, é espírito livre, selvagem e caprichoso. E para quem discorda, eu só tenho a lamentar por nunca ter provado da calma vermelha, silenciosa, presente no mais puro e primitivo dos instintos, na selvageria que justifica a si mesma no crepitar das chamas que consomem uma alma reflectindo o inferno nos olhos.
Mas ele é caprichoso e só atende a seus próprios desejos. Assim Urd, Verthandi e Skuld riem ao pé de Yggdrasil.

domingo, fevereiro 21, 2010

So Close

"So close no matter how far..."

Triste despedida, que leva um pedaço meu... Alguém que aprendi a amar rápido, de um modo belo e sublime. E quando for desatado este nó em minha garganta, talvez eu possa voltar a respirar normalmente, talvez as palavras saiam e meus olhos não mais me traiam.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Guinevere

"[...] tinha no rosto um ar desafiador. Se você puder me dominar, pareciam dizer aqueles olhos, poderá dominar qualquer outra pessoa que esse mundo maligno venha a trazer. Posso vê-la agora, parada em meio aos seus cães de caça que tinham os mesmos corpos finos e esguios de sua dona, o mesmo nariz comprido e os mesmos olhos de caçador. Olhos verdes, ela possuía, com uma espécie de crueldade bem no fundo. Não era um rosto suave, assim como o corpo não era suave. Era uma mulher de linhas fortes e ossos altos, e isso formava um rosto bom e bonito, mas duro, muito duro. O que a tornava bela era o cabelo e o porte, já que se mantinha tão reta quanto uma lança, e os cabelos caíam em volta dos ombros como uma cascata de cachos vermelhos. [...] Existiriam muitas outras mulheres bonitas, e milhares que foram melhores, mas desde que o mundo nasceu duvido que tenha havido muitas tão inesquecíveis quanto Guinevere [...]
E teria sido melhor, Merlin sempre dizia, se ela tivesse sido afogada ao nascer."
( O Rei do Inverno, pg. 220 - 221 )

E eu reconheci a tolice, quando Artur se apaixona, apenas uma tolice capaz de condenar um reino. Por outro lado, Merlin, mesmo tendo sofrido as Três Feridas da Sabedoria, errava.
O futuro não é inexorável.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

As vezes é preciso existir

Quase sempre.

Já vou avisando, cedo assim, que este post não lhe interessa. Assim como os demais, certamente. Só quero ter um bom local para guardar uma reflexão pseudo-importante, da qual eu certamente irei rir num futuro não muito distante. Então, pela importância destinada a uma futura piada sem graça, reservo a este espaço as tortuosas (sic) linhas que se seguem, e não vão a lugar algum, como de costume.

O fato é, se fatos existissem (Nietzsche, lembra? "Não há fatos, apenas interpretações"), que foram trezentos e poucos dias muito interessantes, estimulantes e muitas vezes subversivos. E tudo iniciando pelo melhor, subversão! Uma verdadeira tempestade de fogo e raios para deixar em pedaços a frágil moral, e não há nada melhor que isso para levantar o moral de um homem!
Pense nisso, é quase um conto medieval... Tudo começa com o que deveria ser uma catástrofe, que empurra nosso protagonista (anti-herói, nada de heróis aqui, ok?) na direção de um enredo cheio de mentiras, romance, manipulação, jogos, poder, vinho e todo o conjunto necessário a qualquer filme B que se preze... Ok, faltou o sangue e morte, mas para a felicidade do nosso protagonista, foi apenas um quase.
Há algo mais estimulante, mais vivo, ou ainda, mais enaltecedor para qualquer anti-herói do que isso? Sair de seis miseráveis anos de monotonia, em meio a uma pseudo-catastrofe, e se lançar diretamente a uma trama complexa, um tanto perigosa, e excitante? Não, eu digo, não há. Ainda mais pelos espólios recolhidos, e mais importante que estes, pela bela poesia, dourada aquosa, com a qual invariavelmente ouve o deleite dos prazeres mais simples e complexos que se pode desejar num mundo como o nosso.
Eis então o primeiro ato dessa peça de segunda. E eu digo sem medo de errar, foi emocionante, a trilha sonora ainda reverbera em meus ouvidos.
E como o show deve continuar, a peça segue com um meio estranho. Sabe aqueles roteiros que parecem não fazer sentido nenhum até que chega o final, e depois do final continua sem sentido? Então...
O nosso protagonista, ainda envolvido pela trama principal, hora foge, hora procura a tempestade caótica que se fez ao seu redor, e esta atitude faz com que as coisas se acalmem e voltem a sua monotonia habitual. O caos o deixa de lado, deixando de dar o ar de sua graça a vida do intrépido anti-herói e num jorro de acontecimentos sem nexo, nem ligação, nosso herói se isola em terras ermas. Não que ele busque iluminação espiritual, tão pouco aperfeiçoamento físico, ele apenas foi jogado lá por um diretor insano e apaixonado pelo caos e complexidade.
Nosso amavelmente odiável protagonista vê a si mesmo nesse cenário entediante, por um impulso alcoolicamente corajoso ele altera suas falas e segue na direção da civilização mais próxima. Neste ponto poderia ser o fim de toda uma peça miseravelmente ótima, mas o filho da mãe tem sorte como nenhum anti-herói hollywoodiano precisa.
Aqui acaba o segundo ato, que tem um charme bem clichê: todo anti-herói que se preze precisa fazer algo que o publico não esperava, e ele fez. O terceiro ato é um misto de peça teatral escolar com curta europeu de segunda linha.
Nosso protagonista envolve-se com questões morais, aquelas discutidas por adolescentes em programas de nenhuma audiência na madrugada, e joguetes românticos ao estilo "Segundas Intenções". Tudo isso regado a muitos lances arriscados, sorte e cerveja.
No final nosso malevolamente benevolente anti-herói percebe o quão bom é estar vivo e vivendo, e que cerveja gelada é melhor do que ele achava. Nem tudo foi como ele esperava, tão pouco é, mas foi tudo muito importante de algum modo. Ele está bem, ferido (nenhum anti-herói pode sair ileso, não faz sentido), mas bem.
Eis o fim terceiro e, no momento, ultimo ato. No epilogo vocês podem assistir aos créditos (escritos em uma língua que ninguém sabe ler, para dar um charme) e ver ao fundo nosso protagonista ascender uma pira para queimar as lembranças da "santa" prostituta que encontrou em Roma, junto de sua irmã Demétria, das quais a única coisa que quer lembrar é da futilidade morta que as impregna como impregna tudo do que ele se afasta.

Como eu disse, plagiando outros, mas disse: As vezes é preciso existir... Quase sempre!

Beleza

O amigo disse:
- A beleza do amadurecimento...
Ele tragou e respondeu:
- Ou, a rudeza do endurecimento... Mas não deixa de ser belo.

Despedida

Eu fiz um milhão de besteiras num passado não muito distante.
Eu disse o que não devia, deixei de falar o que devia, me humilhei ou fui orgulhoso.
Algo, pelo menos uma coisa, eu aprendi bem. Para algumas pessoas vale a pena manifestar nossos desejos.
Eu desejo que você fique, e você não faz idéia do quanto, mas também desejo que você faça boas escolhas para você sejam elas quais forem.

(01/02/2010)

sábado, fevereiro 06, 2010

Caos

Ascendeu o último cigarro da noite com displicência, como era quase com tudo. Tragou observando a chama do isqueiro dançar de modo sedutor, promíscuo... Apagou-a com um sopro, fazendo da fumaça uma tempestade ondulante.

- Uma camiseta camuflada... - Verbalizou o pensamento. Achou estranho saber, desde o primeiro momento, que disso não se esqueceria com facilidade.

Tragou novamente, deixando toda a corrente de sentimentos, muitos dos quais seriam novidade para todos que o cercavam, invadir-lhe a alma. Arrastando-se das entranhas de sua mente, trazendo consigo o cheiro acre e o gosto metálico e salgado, tão característicos deles, eles marcavam toda superfície que tocavam... e essas marcas ecoaram na profundidade incoerente de um lago congelado.
Sorriu.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Sândalo

E não há nada como o sentido
Reto e promiscuo da perda
Do que não se tem, não se pode ter
Tão belamente selvagem quanto o vento
Tão fascinantemente livre como um beijo
Não há nada que se possa fazer
Senão parar ao lado do estribo de sua montaria
E observar o horizonte, mesmo depois de vazio
Lembrando dos contornos desenhados pelos dedos
De um sonho curto perfumado de sândalo

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Sentido

Talvez não faça sentido para ninguém mais
O velho e denso cheiro acre, metálico e salgado
Do noh sufocante, conhecido de longa data
E talvez não faça sentido para mais ninguém
Uma saudade tão intensa pelos motivos que nem sei citar
Ou o profundo desejo de ter lido antes, tão belas linhas
Faz sentido para mim, como antes, grave e profundo

terça-feira, janeiro 26, 2010

Simples Perfeição

Doce incerteza de belas palavras
Num profundo olhar de belos sorrisos
Doce toque de textura musical
No mais calmo ofegar com o coração acelerado
Pelo sabor de tão perfumada pele
Sedosos lábios vorazes, sinceros
A eternidade na ponta dos dedos, desenhando belas linhas
Contornando os traços fascinantes de uma linda poesia
Marcando a alma com as cores mais belas
Para perder-se no perfume do hálito quente
No ritmo da sua respiração, que acalma a tempestade
Deixando-se emaranhar nos cabelos que se confundem e misturam
O mais lúcido torpor, simples perfeição

Lembranças

- Vai acabar logo. - Ele olhou brevemente para o lado, ela saberia responder.
- O que faremos? - Ela perguntou sorrindo.
- Aproveitaremos ao máximo. - Disseram juntos.

Paixão

E não há paixão, em mim, mais pura do que pela beleza
Na beleza dos mais simples detalhes, nas mais complexas formas
Nos olhos ou num olhar, na incerteza das próximas palavras
No vento, na tempestade furiosa, nas chamas e nas cinzas
Me apaixono pelo som de uma respiração, pelo seu ritmo
Pelos desenhos delicados de belos lábios, de sinceras palavras
Pela voz e pela textura da pele, melodia e perfume
Tanto quanto por um sorriso sincero, movimentos fluidos
E me perco em toques, gestos, nas sensações e nos pensamentos
Pois tão bela eh a profundidade, a garoa fria de uma manha de inverno
O som de folhas secas sob meus pés, num céu claro e estrelado
Complexa simplicidade da paixão que incendeia minha alma

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Olhar

E deixei no ar a sombra da minha alma
Num sorriso subjetivo, traço de um olhar
Procurei sem direção, sem ver ou me importar
Os belos traços dos teus lábios
Para no seu doce hálito me deixar perder
Ou me encontrar nos teus devaneios tão sábios
E deixei no ar as sombras das minhas palavras
Num ritmo subjetivo, uma paixão subjugada
Ou apenas, talvez, nos traços deste olhar

terça-feira, janeiro 19, 2010

Leveza

Acida leveza desta alma selvagem
Pelo saborear das caricias do vento
Que lhe desmancha os cabelos
Perdeu-se nos devaneios, nas minúcias
De lembranças que nunca aconteceram
No toque perfumado do martelar do piano
E achou a si no desenho de perfeitos labios
De linhas fluídas, calorosa textura
Desvencilhou-se da calma respiração
Para saciar a sede em desejoso veneno
Como se fosse chuva fina na manha fria
Como a paixão pela lua, pelas estrelas
Deleitou-se com os próprios erros
Como a primeira carta, tolo incauto
Para marcar na pele tão gelado hálito
Ou apenas se deixar molhar
Sob o apaixonado olhar da tempestade

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Melodia

E nao desejo nenhum lugar somente para mim
Senao talvez em algumas poucas linhas
Que me digam quem sou, sem se importar com quem fui
Ou ainda, apenas apreciar estes belos acordes
Que embalam minha respiracao em tao belo ritmo
E nao desejo nenhum pedaco de mim
Senao talvez os que tenho aqui
Sem se importar com o caminho que deixei para tras
Nem com o dissonante eco dos antigos passos
Ou ainda, importar-se apenas com um sorriso sincero
E este olhar distante, que embala a melodia
Doce amarga melodia

domingo, janeiro 17, 2010

Beleza

Não poderia ser, senão como uma noite estrelada
O mais perfumado sabor da surpresa
Talvez sem saber para onde ir, sabendo o que quer
Divagando na textura do delicado perfume
Ou embriagando-se com tão belas cores
De formas suaves, decididos movimentos
Uma dança decidida, naturalmente fascinante
Quando só desejo liberdade e a brisa noturna
Me deixo levar pelas desenho daquelas palavras
Ou pelo breve toque que congelou minha alma
Não poderia ser, senão como o mais belo por-do-sol

quinta-feira, janeiro 14, 2010

A Mais Bela Rosa do Abismo

Não somente como uma paixão melódica
As vezes tão profundo quanto o ressonante olhar
Um amor pelos suaves movimentos
A dança de teus lábios conjurando precisas palavras
Sentenças da minha alma, torpor para minha mente
Bela tempestade que incendeia meus traços
Ecoa nos meus passos com a perfumada brisa de tua respiração
E contorno cada lembrança marcada pelo seu nome
Com a calma que invade cada gesto meu
Pois não poderia ser, senão o desenho de seu rosto em palavras
De cores selvagens, perfume da mais livre rosa do abismo
Da mais fascinante sinceridade que cativa minha essência
Como as estrelas me prendem após rubro crepúsculo
Pois não poderia ser, senão o incêndio em sua alma

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Fogo

As vezes o horizonte se enche de fogo
Pouco antes de me reconfortar com tão desejada noite
Tempestuosa e perfumada escuridão, de ventos suaves
E deixo a melodia guiar meus passos lentos
Observando o calmo movimento dos meus pés
Deixo-me perder por entre o caos em minha mente
Que despreza, por um instante, o mundo ao seu redor
E tudo que vejo são os ecos destas linhas
Que desenham com perfeição estes modos tortos
Que vêem beleza nas gotas dessa chuva fina
Ou mesmo nestes gestos lentos e suaves
Deixo-me apaixonar então pelo que é simples
E essa arte pura e essencial preenche minha alma
Faz florescer o jardim em sua escura morada
E se o horizonte se enche de fogo
Incendeia minha vontade com desejo
Me traz para perto de mim, tão desejada noite

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Reflexo

E talvez fosse possível juntar cada pedaço
Cada pequena parte, ao som de um anoitecer suave
Apenas se eu não estivesse tão cansado de tentar
Se não houvesse este desejo pela parte perdida
Poderia ser mais simples, somente melodia
Então este vento gelado que acaricia minha face
Teria um sabor mais suave, o perfume que procuro
Mas ele, este sopro gélido, só tem ondulado o lago
E me faz procurar por um reflexo que possa reconhecer como meu
Ou talvez ouvir uma voz que seja minha
E não somente estas linhas que desenham estes modos tortos

domingo, janeiro 10, 2010

Caos

As vezes tudo poderia ser resolvido com apenas 0.451 polegadas.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Sândalo

Deixo-me perder num olhar para o céu
Sentindo o perfume das nuvens carregadas
Apreciando o acariciar do vento
Vou para longe de mim e não me importo
Talvez um dia eu tente novamente
Hoje eu só desejo a melodia da tempestade
Ou desenhar o horizonte com arrependimento
Em cores antigas e cheiro de sândalo
Simplesmente pela paixão pelo que é livre
Pela minha alma que esta longe daqui
Por amor ao reflexo na superfície do lago
E me deixo fascinar pela ressonância de cada palavra
Pelo ondular suave de cada gesto distante
Ritmados pelo som das folhas secas sob meus pés
Ou pelo olhar seguro para o negro abismo
E se por ele se faz a vastidão branca
Que seja simples e belo o crepúsculo

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Ontem

E se for incerto, então que seja
Sem querer, um sorriso para lembrar
As notas que embalaram a noite
Nas palavras, apenas elas, sem expectativas
Somente uma sinceridade doce
De cores cativantes, suave sabor
Para curar velhas feridas
Ou absorver minha alma
Como fariam as estrelas
E me deixo levar pelas linhas
Que te desenham sem pressa
Em cores vivas, perfumes sedosos
Traços únicos de uma textura musical
Criam sentido para tão desejoso olhar
Que, sem querer, me faz lembrar de ontem
Sorriso, linha a linha

domingo, janeiro 03, 2010

Caos

Abriu os olhos,e antes de perceber que estava acordado já pensava sobre as ultimas horas... Não era a primeira decisão sem garantias, mas significava algo e sorriu. Sorrir era bom, melhor ainda era lembrar como se fazia isso.