terça-feira, março 23, 2010

Primórdio

Infelizmente, talvez não o desejável pior exemplo. Quando se lê em sua textura uma fragilidade latente, os efeitos implícitos de tudo que foi, com uma clareza mórbida a melodia perde o mistério. Eis então que a visão critica e aguçada cobram seu preço, mostram suas garras e com elas arranham na profundidade para a qual são empurradas inutilmente, pois o som áspero, metal sendo retorcido impiedosamente, não pode ser abafado nem mesmo pela profundeza de um lago congelado... tão pouco pela alma rasa e comum, que tenta entorpecer a si mesma com as ilusões frágeis de conquista.
E não seria, por acaso, rasa a alma que busca consentimento para embriagar-se em ignorância? Talvez somente mais um tom ressonante de tão débil sensação táctil. Como saber? Pois se todas os acordes são repercussões dos anteriores, a musica seria apenas a imitação de um original que nunca existiu, um organismo auto-suficiente criando copias para suprir a falta da fonte.
Certamente eu prefiro crer que há algo de novo, um toque, uma vibração ou perfume, que surge pela curiosidade, pelo acaso ou pela descoberta e gera suas suaves ondulações na superfície do lago. E me frustra pensar que isso seria, como de fato parece ser, somente mais uma reação. Onde foi parar a ação original, o singular e primordial ato que precede o efeito?

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