terça-feira, agosto 09, 2011

Agarwaen

E se não bastasse minha natureza mordaz, ainda me embriago nas entranhas emaranhadas de minha perspicácia, sempre tão eloquente...
Não o sórdido paladino, defensor da sua verdade torpe, incapaz de esconder seus devaneios.
Muito mais o amante e seu riso sardônico, o sátiro lúgubre e seu sarcasmo intrépido. Como aquele de arestas afiadas, que se apaixona pela chuva e clama como seu o frio do inverno.
Renego aos sentimentos rasos o seu quinhão da minha vulgaridade, prefiro ter-me todo para meus lobos.

segunda-feira, julho 04, 2011

Sabor

A perspectiva, inebriante voz da minha sombra
Se acovarda diante do toque perfumado
Esconde-se dos vorazes lábios, do fogo que queima minha pele
Some como se ali nunca tivesse estado

Corre livre, então cega, minha vontade
Como são seus longos cabelos ao sabor do vento
E perde-se, seduzida, em seu olhar ressonante
Se enrosca em seu pescoço no desejo que não acabe o tempo

E se as palavras, arautos da minha racionalidade cética
Não me traíssem, desarmadas ao arranhar luxurioso da sua voz
Se minha atenção não fosse cativa certa do som da sua respiração
Eu poderia, melhor do que escrever, demonstrar o que me causa... esta paixão atroz

domingo, junho 26, 2011

Vazio

Talvez não seja a resolução escorrendo entre seus dedos
Ou o impeto que transforma-se, sem aviso, em um conceito efêmero
Súbita inabilidade de compreender o simples, o previsível
Seria possível que o golpe correto rachasse a sua imagem, espalhasse seus pedaços pelo chão
Talvez você possa sentir o vazio arrastando-se debaixo da sua pele
Haverá então o momento em que esta casca oca irá colapsar sob o próprio peso
A inevitabilidade trágica de uma piada infame

terça-feira, maio 24, 2011

Caos

Cansado, talvez eu devesse simplesmente calar a minha boca.

segunda-feira, maio 23, 2011

O Som do Trovão

A vida e suas arestas maliciosas
Ou, então, eu que não sei navegar em águas calmas
Senão pelo familiar som do trovão, tão meu
Como a música ecoante nas ranhuras frágeis do agora
E fugaz como a chuva que molha meu rosto, faz-me respirar

sexta-feira, maio 20, 2011

Mojo

I underestimated the amount of stress, but I also underestimated my own mojo.

segunda-feira, maio 16, 2011

Voracidade

E aquele sorriso que parece transbordar de uma necessidade imperiosa de sublimar o meu, já então exaltado, desejo pela vida. Não menos, porém, me é impiedosamente sedutor o seu olhar penetrante, com sua voracidade desafiadora.

domingo, maio 15, 2011

Tempestade

Então sinto a sombra que rasteja pela minha garganta
O reflexo do monstro sombrio que habita minhas entranhas
Esgueira-se pela imperfeição da minha imagem
Sufoca o doce perfume, arranha a superfície com estridência

Mas a paixão, selvagem companheira, turva esses calculados movimentos
Como o doce aroma de tão alva pele e sua textura desconcertante
No incêndio daquele sorriso, nos seus olhos calados, perdi-me
Como se golpeado pelo frio que nos cerca, o inevitável abismo

Um olhar que invade minha alma, olha para dentro do que sou
Lábios que encerram sua alma sob o silencio, põe em chamas minha pele
Alimentam a voracidade de cada respiração
Deixa suas marcas em minha vontade, como a melodia de uma noite fria

Na clareza dessa imperfeição que me desenha tão bem
O ressoar das palavras incautas que definem meu caminho
O brilho prata de um instante da fraqueza que me desfigura
Antes frageis fossem estes dedos, estas palavras

Não desejo ser lido pela minha linha mais lamentosa, pela frase mais distante de mim
Por um momento em que me perdi nas sombras de um anel
Nem mesmo desejo ferir o silencio de quem invade minha mente como uma tempestade
Desejo apenas, tão somente, mais um momento, mais um instante, sempre

Fato

Eu tenho o dom de arruinar coisas perfeitas.

terça-feira, maio 03, 2011

Outono

A doce ressonância do perfume destas palavras que morrem
Embala meu tranquilo sono desperto, cheio de seus sonhos vazios
Uma canção apaixonada pela outono cinza e rastejante
Como a sedosa dose deste veneno áspero... o frio no qual estou, está em mim

O amor pelo qual nada posso, selvagem e pulsante paixão pela noite silenciosa
Pelos passos observados sozinhos, ecoantes, o suave brilho da chuva no asfalto
Perder-me em nada, no horizonte congelado da paisagem que me preenche
Vendo esse mundo embaçado através da fumaça de meu cigarro

A melodia, tão certa melodia... e sua cegueira, desejada virtude
Se apenas não fossemos, por mais um instante, aqueles dos quais nos cansamos
Aqueles pelos quais, por profundo amor, desprezamos
Mas não, são apenas mais alguns passos molhados sob a noite

E a chuva dançante sob as luzes amareladas da cidade, com suas palavras que morrem

Lobos

Somos todos lobos, afinal.

Amour

Die Liebe ist ein wildes Tier
Sie atmet dich, sie sucht nach dir
Nistet auf gebrochenem Herz
Und geht auf Jagd bei Kuss und Kerzen
Saugt sich fest an deinen Lippen
Gräbt sich dinge durch die Rippen
Lässt sich fallen, weiss wie Schnee
Erst wird es Heiss, dann Kalt, am Ende tut es weh

Amour Amour
Alle wollen nur
Dich zähmen
Amour Amour
Am Ende
Gefangen zwischen deinen Zähnen

Die Liebe ist ein wildes Tier
Sie beißt und kratzt und tritt nach mir
Hält mich mit tausend Armen fest
Zerrt mich in ihr Liebesnest

Frisst mich auf mit Haut und Haaren
Und wirbt mich wieder aus nach Tag und Jahr
Lässt sich fallen, weich wie Schnee
Erst wird es Heiss, dann Kalt, am Ende tut es weh

Amour Amour
Alle wollen nur
Dich zähmen
Amour Amour
Am Ende
Gefangen zwischen deinen Zähnen

Amour Amour
Alle wollen nur
Dich zähmen
Amour Amour
Am Ende
Gefangen zwischen deinen Zähnen

Die Liebe ist ein wildes Tier
Sie atmet dich, sie sucht nach dir
Nistet auf gebrochenem Herz
Und geht auf Jagd bei Kuss und Kerzen
Frisst mich auf mit Haut und Haaren
Und wirbt mich wieder aus nach Tag und Jahr
Lässt sich fallen, weiss wie Schnee
Erst wird es Heiss, dann Kalt, am Ende tut es weh

Amour Amour
Alle wollen nur
Dich zähmen
Amour Amour
Am Ende
Gefangen zwischen deinen Zähnen

Die Liebe ist ein wildes Tier
In die Falle gehst du ihr
In die Augen starrt sie dir
Verzaubert wenn ihr Blick dich trifft

Die Liebe
Die Liebe ist ein wildes Tier
In die Falle gehst du ihr
In die Augen starrt sie dir
Verzaubert wenn ihr Blick dich trifft

Bitte Bitte, geb' mir Gift
Bitte Bitte, geb' mir Gift
Bitte Bitte, geb' mir Gift
Bitte Bitte, geb' mir Gift

(Amour - Rammstein)

segunda-feira, março 28, 2011

July

Há o desejo, inerte, de que se dissipem as nuvens
Que sigamos para outros lugares
Há um desejo latente marcado na lembrança dos viajantes na tempestade
A satisfação se esgueirou pelas arestas no fim da música
Enquanto seguimos com nossas tentativas de chegar a lugar algum
Nos deixamos levar pela triste balada desse perfume insano
E ninguém poderia nos culpar por escondermos a tentativa
Nem poderiam julgar meu vicio pelo sabor dourado aquoso 
Somente mais umas poucas linhas e parece que é o que sou
Mas nossas mentiras selaram nossos lábios, encerram nossos olhos
Você procurou a escuridão da cegueira, eu procurei o silencio frio
Senão fosse pelo continuo reverberar de todas a músicas, em todas as noites
Seria apenas a lembrança de tão familiar olhar
Das linhas percorridas pela ponta dos dedos, o suave perfume no seu toque
Mas não estaremos satisfeitos sem mais riscos, não estarei

sexta-feira, março 25, 2011

Caos

As vezes eu olho para fora, para o horizonte, e não sei dizer para onde as coisas estão indo. Em alguns momentos tudo parece estar fora de lugar, carece de um sentido, importância.
Cada vez mais eu tenho menos a dizer, para qualquer um, para mim mesmo. Cada dia o desejo de poder esvaziar minha mente cresce, torna-se uma constante... cada tentativa de esvaziar minha mente se converte em arrependimento, tira as coisas de seu lugar, as poucas que parecem restar.
As vezes eu sorrio sinceramente, e sinceramente esses sorrisos parecem ser idiotice, frutos de uma ignorância inerente a fraqueza, inerente a ilusão.
O ímpeto, a vontade, para resolver coisas simples parece se esvair em segundos... parece nunca ter existido. Assim como a sensação de ver as coisas de modo pálido, apagadas, parece persistir, parece aumentar, o extraordinário dura minutos, ou segundos.
Chegou ao ponto de não haverem paisagens congeladas, tempestades, noites escuras ou sinestesia... Simplesmente não há nem mesmo a vontade de imprimir um sentido dúbio... somente as palavras, tão claras quanto surgem.

quarta-feira, março 02, 2011

Trying, just a little bit harder

As vezes não importa quem somos, tão pouco importa o que fazemos... As coisas acontecem.
Por instinto alguns procuram quem culpar, outros procuram se culpar, mas não importa...
Perdoar parece fácil, as vezes fácil demais.
Esquecer, por outro lado... Evitar que a criatividade navegue por águas turbulentas.
Não importa.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

So Close

No faço questão ser ser uma prioridade, na verdade, pouco me importo. Eu não lhe dou o direito de me ter como opção. Não me terá para si, independente de como me veja, como me sinta, cheire, saboreie.
Eu estou aqui, pura e simplesmente, e nada alem disso. Alias, eu estou aqui neste momento, e o farei enquanto for possível e desejar que seja assim. O melhor que você pode é fazer com que eu sinta vontade de ficar, ou te lavar comigo... ou se você preferir, me fazer sentir vontade de partir, me afastar de você. Mas não existem garantias, a certeza morreu encerrada sobre as profundas camadas do meu egoísmo, arrogância e amor próprio.
Eu amo o que sou, eu amo o que faço e não existe paixão maior do que pela liberdade a qual me permiti.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Sade

"Só me dirijo às pessoas capazes de me entender, e essas poderão ler-me sem perigo." 
(Marquês de Sade)

terça-feira, janeiro 18, 2011

Silêncio

E tentando encontrar meu lugar, celebrei o mais perverso sorriso
Ao som da decadência inoportuna, sedutora companheira
Embriaguei-me com seu perfume voraz e deixei-me consumir
Me permiti alimentar as chamas nas profundezas daquele olhar
Mergulhar na escuridão de um abismo dançante, sedoso
Uma canção do silencio que preenche minha alma
A anulação do ontem, comemorada pela incerteza do amanha
Mas somente tentava encontrar meu lugar

domingo, janeiro 16, 2011

Vazio

E se a renuncia a ouvir, no silencio, os próprios gritos vazios
Leva somente a mais um passo adentro da escuridão
Então eu fiquei aqui apenas com um bom livro, e talvez eu mesmo
Pois quem mais finge entender, nunca quis saber... nunca saberá

E se ando vazio, como o vazio que vejo, logo vem o amargo sabor do arrependimento
Mais uma noite em meio a mais uma multidão sem rosto
Ou ainda, mais um sorriso forçado pela manha, tentando ignorar o óbvio
Ainda assim eu continuo aqui, na maior parte do tempo... sem saber o que sentir

Mas, talvez, seja o medo que arrasta o ímpeto de novos planos para longe
Perceber que no final somente existe o interesse egoísta
O sentido deturpado de ações cada vez mais mascaradas
A superficialidade crescente que nos cerca e engole

E poderia não ser lamento, tortuoso, mais este minuto
Porem o certo nem sempre é o melhor, nem sempre faz sorrir
Do mesmo modo que o certo nem sempre existe
Nem sempre gostaríamos que existisse