domingo, maio 15, 2011

Tempestade

Então sinto a sombra que rasteja pela minha garganta
O reflexo do monstro sombrio que habita minhas entranhas
Esgueira-se pela imperfeição da minha imagem
Sufoca o doce perfume, arranha a superfície com estridência

Mas a paixão, selvagem companheira, turva esses calculados movimentos
Como o doce aroma de tão alva pele e sua textura desconcertante
No incêndio daquele sorriso, nos seus olhos calados, perdi-me
Como se golpeado pelo frio que nos cerca, o inevitável abismo

Um olhar que invade minha alma, olha para dentro do que sou
Lábios que encerram sua alma sob o silencio, põe em chamas minha pele
Alimentam a voracidade de cada respiração
Deixa suas marcas em minha vontade, como a melodia de uma noite fria

Na clareza dessa imperfeição que me desenha tão bem
O ressoar das palavras incautas que definem meu caminho
O brilho prata de um instante da fraqueza que me desfigura
Antes frageis fossem estes dedos, estas palavras

Não desejo ser lido pela minha linha mais lamentosa, pela frase mais distante de mim
Por um momento em que me perdi nas sombras de um anel
Nem mesmo desejo ferir o silencio de quem invade minha mente como uma tempestade
Desejo apenas, tão somente, mais um momento, mais um instante, sempre

Um comentário:

  1. "Os poetas são impudicos para com as suas vivências: exploram-nas."Nietzsche
    ...esse poema é uma covardia ^^

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