quarta-feira, maio 12, 2010

Pedaços

Mesmo o mais profundo desejo de ponderar cada simples movimento, apenas mais um ato falho e inconstante... tão comum! E poderia ser cegueira, ou apenas detalhes, desta continua falta de percepção. E se a empolgação me arrasta, como fariam as sombras, para mais uma sucessão de palavras desprovidas de sentido, então eu poderia compreender a verdadeira essência do que é fútil nessa superfície gelada.
A beleza, por outro lado, corrompe minha alma e faz florescer a perfumada melodia na escuridão. Disso o desejo não pode me livrar, tão pouco a lucidez seria mais que arranhões no chão gelado... o doce arrastar deste perverso caos.
Talvez seja apenas a falta de apego, a falta da pesada ilusão de importância que as coisas deveriam ter. Porem, quando somente essa árida paisagem se faz presente, eu prefiro ser o reflexo desse ser tempestuoso e ser queimado pelo fogo que incito tão apaixonadamente, do que me submeter a essa vontade cinza e opaca que me é oferecida.
Quando tudo o mais parece cair vitima dessa doença amarga, o preço mais caro que se pode pagar é nada perder, somente para descobrir, mais tarde, que perdeu-se tarde demais. E demasiado cedo achar seus pedaços, como se fosse mais uma manha fria de chuva fina. A alma inquieta, que clama pela liberdade de mais uma brisa, somente pode encontrar as perguntas nos pedaços do espelho, mas nunca a verdade encerrada sob a mascara da hipocrisia... tão cuidadosamente decorada!
E se não fosse apenas mais uma manha fria de chuva fina... Então, talvez, eu pudesse aguardar ate isso dormir, e fazer musica das marcas deixadas no pó ou apenas deixa-las.

Um comentário:

  1. "Quando tudo o mais parece cair vitima dessa doença amarga, o preço mais caro que se pode pagar é nada perder, somente para descobrir, mais tarde, que perdeu-se tarde demais." concordo

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