domingo, agosto 30, 2009

Caos

Ele pegou os cigarros, a carteira e as chaves de casa. Carro ou moto? Carro, era mais rápido e ele queria musica. Achou as chaves do carro e calçou o all star.
Se perguntou por quanto tempo ele poderia dirigir sem ter de voltar. O que faria depois? Odiava voltar, mas era melhor voltar de algum lugar do que estar ali o tempo todo.
Quando você percebe que precisa pisar fundo para se sentir bem por um minuto, geralmente alguma coisa esta errada.
Para onde? Não importava, qualquer lugar serve quando você não tem para onde ir.

Caos

Acendeu o cigarro pensando que devia parar de fumar.

- Vai adiantar parar agora? - Pensou em voz alta. A pergunta tinha duas respostas diferentes ele sabia.

- Não e provavelmente não - Ele respondeu para as duas coisas.

Era tarde e ele não tinha sono, sua mente estava alerta demais. O dia havia sido imensamente melhor que o anterior, ele não tinha duvidas, mesmo assim ainda não via nada a frente. As pessoas se apegam a ilusões para tornar o mundo mais fácil, porque ele não podia também? Ele não soube responder porque ele não conseguia ser um pouquinho mais comum.
As pessoas esqueciam facilmente, abandonavam facilmente, se enganavam facilmente. O que havia de errado afinal? Ele queria poder se iludir ou esquecer, o máximo que conseguia fazer era tornar as coisas nubladas por um tempo, uma noite talvez, depois tudo parecia pior. O que resta?

- Se não pode ser morto sozinho, se não pode ser esquecido, se não pode ser diminuído, se não pode ser afastado da minha mente... o que fazer? - Seguir em frente com isso era o que ele estava fazendo, e ele não estava mais conseguindo fazer isso. Algo teria de ser feito, cedo ou tarde. Seria cedo pelo que ele podia perceber.

As opções eram óbvias, mas nenhuma era boa e nenhuma resolveria o problema... A única que resolveria o problema tinha maiores chances de criar outros e isso tornaria tudo muito pior. Arriscar? Ele ainda não havia decidido.
Ter emoções tão intensas, indestrutiveis, inseparáveis, insanamente sinceras era justo se não fazia diferença? Era justo se ver obrigado a carregar isso sendo tão imperfeito? Se ao menos ele não ferrasse tudo o que toca, sempre assim, sempre um se...

segunda-feira, agosto 24, 2009

Caos

- Estranho... - Murmurou para si mesmo, tragou e com um suspiro deixou a fumaça desenhar o ar a sua frente.

Tudo acontecia depressa novamente, como já havia acontecido antes, muita coisa para pensar e ele não conseguia concentrar-se em nada. Na verdade, ele estava se concentrando em coisas demais.
Ele achou que isso deveria limpar sua mente de muita coisa, todas estas coisas para pensar deveriam sobrepujar outras. Isso não aconteceu, foi e voltou sem dormir... Sua mente insistia em vagar pelos assuntos em sua cabeça como se fossem um só. E não era?

- Estão ligados, mas não podem ser o mesmo assunto. - Concluiu com certeza na voz, somente na voz.

Leu muito, na ultima semana ele tentou fugir para os livros, mas a escolha foi péssima. Os livros que escolheu arrastavam ele para o fundo de seus devaneios e inquietações. Por muitas paginas ele se amaldiçoou por ser curioso, por saber coisas que seria melhor não saber.

- Leão masoquista... - Riu da semelhança, abriu um meio sorriso e tragou novamente... brincou com o cigarro em seus dedos.

Faltavam algumas paginas, depois mais um livro. O ultimo. Achou que sentiria falta, os livros que o prendiam tanto sempre pareciam pequenos demais... Desta vez ele não tinha certeza sobre isso. Talvez fosse melhor um personagem principal diferente, mais...

- Um personagem principal mais.. não, esse parece perfeito. - Rendeu-se, pensou bem sobre o personagem... não havia muito o que mudar.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Caos

- É exatamente assim, como uma nevoa espessa que cobre tudo... O sol, as estrelas, as pessoas, as palavras, as emoções... Não é como uma casca, algo que se possa tocar e quebrar. Torna as coisas cinzas, apáticas e sem importância... pelo menos o que ainda pode ser visto. As vezes ela some, as vezes fica mais translucida ou mais densa. - Ele falou sussurrando, dizia para si mesmo. Dizer as coisas em voz alta ajudava a entender o que pensava, organizar.

Isso não era nenhuma novidade para ele, mas ele havia encontrado novas palavras para a descrição. O vazio opressor não era mais um problema, o problema era quando isso passava.

domingo, agosto 16, 2009

Superfície

Algum tempo atrás ele não teria feito isso, concluiu. Ele sentia desprezo, na maior parte do tempo, as pessoas simplesmente irritavam ele. Ele não gostava das palavras, da voz, dos assuntos... não gostava de ter de parecer interessado ou forçar um interesse e simpatia que não tinha. Sobre tudo, ele odiava ser tocado, as pessoas tinham a péssima mania de encostar...

Ele entendia o porque seu desgosto era retribuído tão normalmente, ele era uma pessoa fácil de se odiar. Arrogante, sarcástico, fechado, distante e manipulador eram apenas algumas de suas qualidades menos admiráveis, e ele tinha uma grande lista delas. Isso, no geral, se devia ao fato de não saber, e não querer, tolerar a mesquinhez e ignorância, atributos indispensáveis a grande massa. Somando isso a sua sinceridade fria, insensibilidade para alguns, podia-se concluir sem esforço que ele podia contar nos dedos de uma mão suas amizades.

Porem ele havia se deixado experimentar uma tolerância maior, tentou ignorar mais e julgar menos. Este foi apenas mais um de seus erros, ele sabia agora. Alguns meses foram suficientes para que ele achasse que tinha agido como um tolo, havia se deixado levar, odiava isso. Odiava não se reconhecer em cada uma de suas atitudes, palavras, gestos...


- E não havia sido assim antes? - Perguntou a si mesmo num sussurro.


Ele sabia que sim. Havia, durante muito tempo, cedido muito de sua essência em troca de nada. Se deixou levar e pagou o preço. Odiava arrepender-se das coisas, ele lamentava e arrependia-se muito pouco.


- Tolice... - Admoestou-se e respirou fundo limpando a mente... Deixou a música trazer sentimentos, sensações e tragou do seu cigarro.


Como poucas excecões, a música era uma das poucas coisas capaz de fazê-lo sentir-se plenamente bem, por vezes muito mal, mas sempre fazia-o sentir algo. Sempre havia música, se não em seus ouvidos, ao menos em sua mente. As excecões, raras como a palavra indica, sempre o deixavam fascinando em algum nível. Para ele era fácil divisar estas pessoas, qualquer um capaz de não irrita-lo ou entediá-lo, capaz de causar afeição ou ainda qualquer um capaz de ver alem do que havia em sua superfície, era certamente uma rara exceção.

Essas pessoas eram sempre capazes de lhe clarear os pensamentos, faziam-no sorrir sinceramente e isso acontecia pouco. Mais notável era o fato destas pessoas conseguirem fazê-lo se importar com algo, ele geralmente se importava com poucas coisas, menos ainda com outras pessoas.

No geral as pessoas que tentavam rotulá-lo, e elas quase sempre faziam isso, definiam-no como uma pessoa infeliz. Ele mesmo achou por um tempo que era infeliz, agora o motivo disso se fazia óbvio, abriu mão do que não tinha preço, pelo que não valia o esforço.

Sorriu satisfeito, era ele mesmo novamente. Sentia-se novamente capaz de queimar como o inferno e mesmo assim manter a calma, talvez fosse um pouco mais frio, um pouco mais sombrio, mas isso o deixava satisfeito. Ele tinha mais motivos do que precisava para estar satisfeito, sobretudo por que a tempestade era incessante, convicta, essencialmente bela, poética... não era apenas uma tempestade, era a essência da paixão e da inevitabilidade.

sábado, agosto 15, 2009

Lucidez

Deixou-se embriagar
Insanidade, talvez
Mas isso pouco importava
Cansou-se da lucidez havia muito
O suave perfume sempre embriagava
Agarrava-se a ele, suas roupas
Sempre agarrava-se aos seus sentidos
Traz seus demônios para a superfície
Aqueles olhos percorriam seu corpo
Com indiscrição, cheios de sentimento
Penetrantes... vasculhavam toda sua alma
O toque da pele alva, lábios rubros
A prisão final de seus sentidos
Não lutava, desejava o sabor daquela voz
Seus lábios procuravam sedentos pelo calor
Pelo toque, buscavam tão inebriante perfume
Voraz, suave... por vezes provocante
A respiração ofegava, calma...
Inevitável, o mundo então era outro

Caos

Estava escuro, o céu estava estrelado. Uma oportunidade nova. Ele só se incomodava com o fato de não poder divisar com precisão as linhas do rosto dela, no mais a situação era perfeita... ou quase.

- Isso me perturba mais do que eu gostaria, e sei que te perturba em algum ponto também. Eu não sou, afinal, tão nobre. Eu gostaria de ver meu orgulho regenerado através de minhas mãos também, queria 'dar o troco'... É isso que se passa na superfície de minha mente... Por outro lado, eu sei que nada disso é verdade. A verdade é que eu não sei me perdoar por ter desistido de tantas coisas importantes para mim, como o orgulho, nem sei como reave-las. Talvez seja isso que me perturba. Quando estou aqui, contigo, nada disso importa, mas longe de ti isso vai voltar a me perturbar. - Era isso que ele queria ter dito, mas não conseguiu. Sabia que esse assunto era incomodo, o ar ficava pesado. Ao invés disso, falou apenas:

- Não queria ter de lidar com isso, serei frio ou grosseiro. - Ele resumiu bem o que sentia, abreviou o máximo que pode. Ele sabe que ela entenderia tudo, mas não conseguia se sentir seguro para por estas coisas que a incomodavam em palavras.

Ele sabia que ela podia ver muito alem destas palavras, ela conhecia sua alma... Isso fez sua tristeza aumentar, ao ver como aquilo a incomodava. Ela também lhe explicou seu incomodo de modo sucinto, mas ele também via muito alem das palavras.
Demorou mas compreendeu, a verdadeira beleza se revela quando tudo pode tornar-se frio e complicado, mas mesmo assim se mantém quente, belo e simples. Aquela noite, estrelada, foi perfeita.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Garota

E se algo queima aqui
Então sinto seus olhos em mim
Algo sempre queima aqui, sempre tempestade
Que faz meu sangue ferver
Se sinto sua presença
Me fascina e me faz temer
Me agita e me tranquiliza
Se posso sentir sua pele
Meu coração dispara
Meu estomago gela
Se posso tocar seus lábios
Minha mente delira
Minha pele se arrepia
Plenitude e desejo
Você que me faz pensar em nada
Se tenho você comigo
Uma calma explosiva se apodera de mim
Somente uma superfície fria e clareza
Minha pequena garota perdida
Quem é você que me faz sentir eu mesmo?
Que esta sempre aqui...

terça-feira, agosto 11, 2009

Caos

Estava frio, havia chovido um pouco mas o céu estava limpo. As luzes dos postes escondiam muitas estrelas, mas não a lua. Ele olhou para a garota sério e manteve o olhar.

- Que foi meu amor? Esta bravo? - Ela perguntou, notando o olhar dele, de maneira doce.

- Eu amo você. - Ele disse ainda sério.

- Eu amo você meu amor! - Respondeu a garota sorrindo, enquanto jogava os braços sobre os ombros ele e o puxava para um beijo.

Ele retribuiu o beijo, ficaram juntos pelo que pareceram minutos, mas eram sempre horas... O tempo voava. Os vidros embaçados reforçavam a idéia de que não havia mais nada alem disso, nada para ver ou ouvir. Ele olhava nos olhos dela, olhava profundamente, e podia sentir o olhar dela vasculhando sua alma. Puxou-a para um abraço e disse ao seu ouvido:

- Com você o mundo é outro.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Torpor

A vida começa a noite, à meia-luz
Suave e delicada como seda, perfumada
Incendeia em instantes, intensidade, desejo
Faz o coração disparar, os sentidos trovejam
O desejo domina, mas é dominado, é conseqüência
Há algo no ar, sublime, presente...
A respiração entre-cortada atravessa o ar gelado
Define um ritmo, arranha e faz pedaços da lógica
Há sentido em tudo, mas não existe mais nada
Da esmeralda, surge tempestade, traz o caos
E a perfeição se faz presente na simplicidade
Um olhar, um toque ou uma palavra e nada mais importa

terça-feira, agosto 04, 2009

Demônio

As notas soavam provocantes, era suave e diabólica
A chuva misturava sua melodia doce a suavidade do frio
Se houvesse chuva...
Pareceria correto desejar o errado
O som passeava pela pele alva, suave seda
De toque enlouquecedor, intenso
Marcava nos doces lábios seu ritmo, sem hesitar
Se houvesse fim, heresia
Alheio a musica o coração batia rápido, tinha pressa
Não, estava excitado, estasiado
Tempestade, mas não chovia
A melodia fez-se ouvir, mas não somente
Invadia os sentidos, percorreu todo o corpo
Deixou seu gosto doce na boca, seu cheiro em tudo
Seu toque arrepiou, marcou como unhas
Se houvesse musica, mas sempre havia
O som feito por um demônio, desejo
Perversivo, sedutor... melodia dominadora
E teria feito tempestade com o olhar, mas foi alem

Poeta

"Em todos os poemas há lobos, exceto em um"
(Jim Morrison)

segunda-feira, agosto 03, 2009

Jardim do Abismo

Passion... Complicity...
Friendship... Confidence...
Fellowship... Sincerity...
Comprehension... Affinity...
Love is inevitable.

domingo, agosto 02, 2009

Caos

- Eu erro a todo instante, não percebe? - Ele disse serio, mas de forma doce, quase desculpando-se.

- Não é verdade, você não é assim. - Ela respondeu beijando-o.

- Mesmo quando te digo ate logo, como hoje, não consigo tirar da cabeça que pode ser adeus. Isso vem muito antes de qualquer palavra tomar forma em minha boca, a iminência de uma despedida desperta meu espírito para toda a incerteza que nos cerca. - Disse olhando para a lua, o céu estava limpo e claro, suas palavras estavam carregadas.

- Não quero pensar nisso agora, não quero pensar nunca. - Ela estava visivelmente triste com isso, mesmo que não a pudesse ver, ele teria certeza que estava.

- Desculpe... - Ele fez uma pausa e disse - Talvez tenho dito isso por que não sei por em palavras o quão perfeito é você estar aqui agora. Parece besteira, mas as vezes eu não caio na real. - Desta vez ele a estava beijando - Você me mostra a todo instante quão perfeitas as coisas podem ser.

- Ta, lhe desculpo desta vez. - Brincou ela enquanto devolvia os beijos.

Algum tempo depois da garota já ter partido ele continuava no mesmo lugar. Já havia visto muitas pessoas de quem gostava partirem, algumas ate o dia seguinte, outras para sempre. Nunca, no entanto, sentira-se como agora. Ascendeu um cigarro, e desviou o olhar do ultimo ponto que a vira, olhava o céu agora... como de costume.
Ele podia sentir o combate, a guerra acontecendo. A perfeição, quase surreal, de estarem junto com a tristeza inominável de vê-la partir. A noção de que deixa-la partir o faria te-la para sempre consigo e a vontade de que ficasse ali sempre.
Não sabia dizer como podia sentir uma felicidade tão plena e uma tristeza tão profunda ao mesmo tempo. O domingo iria amanhecer com alguma reposta? Perguntou-se entrando.

- Ka. - Ele disse quase num sussurro. Esta era a resposta ele sabia.

Relâmpago

Olhava as nuvens carregadas pela janela, apreciava os relâmpagos frequentes sem ouvir nenhum trovão. Não chovia no momento, não para onde olhava, mas havia um tempestade dentro dele. Acendeu um cigarro, as palavras haviam ecoado em sua mente desde cedo. Em algum momento as coisas haveriam de mudar. Sempre ha um ponto de ruptura, mas o que vem depois dele? Por fim, sorriu.