domingo, setembro 27, 2009

Dissonante

Se a música reverberava na superfície gelada
Percorreria a vastidão calma de um lago congelado
Agitaria as profundezas escuras, cinza
Faria então a luz brilhar nas bordas afiadas
De um abismo sedutor, provocante
Então a melodia seria doce, sedosa
Suave como a brisa dourada que preenche esse deserto
E faria pedaços de lembranças que não aconteceram
Como a luz que não iluminou uma alma perdida
Faria certa a sombra que se ergue sobre estes olhos
Assim como a vontade toma o controle sobre o nada
O perdão deixaria de importar, um sussurro
Deveria a paixão queimar, marcar com seus lábios
As palavras que não podem ser ditas
A meia luz, um tomar de fôlego, mas haveria piano
Seriam vistas estrelas através dos olhos que perscrutam
Essa imperfeição sombria de cores musicais, sabores sedosos
Imperfeição que tenta pintar em palavras
Luz e sombra, a tempestade que o arrasa pelo fogo
E se tudo fosse certo, se fosse claro
Nada mais seria senão o amor de uma melodia dissonante por uma poesia perfeita

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