terça-feira, setembro 29, 2009

Ressonante

As vezes não há nada a dizer. Eu poderia tentar com "eu não desejo ser feliz, mas verdadeiro" ou "o que acontece por amor esta além do bem e do mal", mas Nietzsche já disse essas coisas.
Hoje eu caminhei lentamente sob luz amarelada dos postes. Vi a chuva fina dançar de modo caótico ao sabor do vento, senti o vento gelado molhar meu rosto com calma, varrer o mundo da minha mente. Eu olhava para o chão e, quando conseguia me distrair da dança molhada e hipnótica, apreciava o asfalto molhado, me perdia no som dos meus passos irregulares.
Um mundo de cores simples, muito cinza. Um mundo de paixões simples e arrebatadoras, paixões que apagam o resto do mundo com um simples sopro. Tudo parecia tão certo, no lugar. Esse é meu plano de fundo, sou parte dessa paisagem e nela consigo saber exatamente quem eu sou.
Tudo faz sentido, é certo, talvez o melhor que poderia ser feito. Isso nunca será satisfatório. O "certo a fazer" nunca vai arrancar um sorriso sincero de meus lábios, eu sou torto e errado... O pior, eu sou apaixonado por isso, pelas noites de tempestade ou chuva fina, pelo frio, pelos meus modos imperfeitos. Eu sou apaixonado pela nobreza da "jóia falsa, de um charme duvidoso, sombrio" que se pronuncia em minhas palavras.
Há, invariavelmente, um sentido quase promíscuo, uma ordem ressonante, no Caos transcrito por estes dedos.

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