terça-feira, setembro 01, 2009

Jardim do Abismo

Mais uma vez era o som do piano
Que fazia difícil achar a música perfeita
Ou talvez o piano fosse perfeito
E a dor viesse da guitarra
Arrastando suas notas pela noite úmida
Trazendo um gosto salgado, áspero
Mas era somente a fumaça que se agitava
Com a melodia arranhando a pele
Marcando lembranças com fogo
Suave, rubra e perfumada seda, sedenta
Perfume que lhe roubava a alma
Se houvesse alma
Mas haviam estrelas e piano
Trazendo as notas frias
Regando as flores que lhe matavam
Fazendo um jardim no abismo
Doce, frio, sincero e perverso
Amou, se achou que deveria
Se não achasse, amaria
E a tempestade regou as flores
Rubras como sangue, frias como a noite
Como os lábios roubando seu sono
Sem perdão, apenas o fogo e o sorriso delicado
Fazendo da pálida vontade, a morte
Irredutível, inevitável
Se houvesse alma, mas haviam flores

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